sexta-feira, 27 de março de 2015

Matte

    Cada pessoa vê a vida de uma forma. Cada pessoa vê cores diferentes. Pessoas como eu, dependendo do estado, vêem ou muito brilho, ou tudo fosco. Neste momento, tudo é fosco.
     Ver as cores foscas não significa que não vemos cores. Não é só preto e branco. Significa que neste momento, sim, existe o brilho por aí, mas nossos olhos apagaram ele. É ver que as pequenas coisas que te deixavam feliz não fazem mais tanta diferença. É ver aos poucos tudo se tornando indiferente. Fosco.
       Aos poucos, as cores vão perdendo o sentido para nós (essas pessoas transtornadas como eu). Nada é brilhante, apenas bom. É andar numa neblina constante, perder os prazeres em todas ou quase todas as atividades que nos fariam bem. É se sentir inútil, uma perda de espaço, culpada quase todo dia. É se fechar no seu próprio casulo enquanto a vida segue fora dele. É se olhar no espelho e não reconhecer aquela pessoa tão pequena e tão humana (mesmo que você esperasse ver um monstro diferente).
      Mas um dia, o brilho volta. Depois de tudo, depois de conversas, amigos e procuras, as cores vão voltando ao normal (ou voltam até demais, mas isso já é o outro lado da história). Enquanto isso, continuarei analisando a vida fosca, e colocando brilho no que der.

“I am seeking, I am striving, I am in it with all my heart.” 
― Vincent van Gogh